A povoação de Guia situa-se, aproximadamente, a seis quilómetros da costa e a igual distância de Albufeira. Originalmente a povoação localizava-se no Cerro de S.Sebastião, a partir de onde se foi expandindo,sobretudo nos meados do século XX.
O principal curso de água é a Ribeira de Espiche, em cujo lanço final se situa a Lagoa dos Salgados, uma depressão de forma sub-elíptica, que constitui uma lagoa de interior.
Trata-se de uma área de depósitos aluvionares salinizados, condicionada pelo mar e pelo rio, constituindo um ecossistema de transição entre a zona terrestre e a maritima.
A existência de uma duna serve de barreira à água, proveniente das bacias confluentes.
A vegetação da baixa lacustre apresenta algumas espécies típicas, sendo a do sistema dunar bastante mais diversificada. A fauna é muito rica, destacando-se sete espécies nidificantes e uma grande quantidade de outras que usam o local como apoio á migração, ou por períodos mais curtos.
A Lagoa de Salgados foram bens do concelho até 1773, actualmente pertencem à freguesia da Guia e ao concelho de Silves. À freguesia pertencem também as belas praias de Galé, Pedras Amarelas e Salgados. Sobre a criaçãoda freguesia atente-se nas palavras da investigadora Idalina Nunes Nobre.
As origens da povoação de Nossa Senhora da Visitação de Alfontes da Guia ou Alfontes da Guia, topónimos antigos da Guia, são dificeis de determinar. Tudo leva a crer ter sido ocupado desde épocas remotas.
A tradição oral, fonte de inegável interesse histórico, perpetua o sítio onde está erguida a Ermida de Nossa Senhora da Guia como sendo o local onde terá aparecido a Virgem, daí a construção do Santuário.
Efectivamente, pode dizer-se que ás lendas se liga, muitas vezes, a antiguidade dos locais… Assim, pressupõe-se que o topónimo, de origem religiosa, se relaciona com a existência daquele templo, edificado num período anterior do século XVI.
Torna-se evidente que a povoação tem as suas raízes,numa época que antecede o período quinhentista.
Em termos económicos a agricultura e a criação de gado constituiram sempre as mais importantes actividades. A produtividade não era das melhores, execptuando nalguns locais a Norte e a Oeste da povoação, devido á baixa fertilidade dos terrenos e ao anacroismo dos meios disponíveis.
As principais produções eram o figo, a alfarroba, a amêndoa, o vinho, o trigo, a cevada, o centeio e os legumes. De todos estes produtos o figo detinha a primazia, pois constituía um rendimento certo, possibilitava a obtenção de rendimentos fixos e tinha uma grande importância a nível alimentar.
Para existir, no entanto, uma certa prosperidade agrícola e pecuária, confirmada pela realização de uma feira anual, no dia 8 de Setembro, data em que se comemorava também a festa de Nossa Senhora da Guia.
No ano de 1885 a Câmara Municipal de Albufeira deliberou a criação de um mercado de gado, no sítio de Nossa Senhora da Guia, é possivel que, nesta altura a feira tivesse já lugar a 7 de Outubro, tal como acontece actualmente.
A pesca representou um papel secundário na economia da freguesia da Guia. Baldaque da Silva refere que, em 1866, se dedicavam á pesca 46 homens, na Pedra da Galé, num total de sete embarcações. No areal da Galé existia um agrupamento de barracas que pertenciam a uma armação de atum.
Além do atum capturavam-se espécies como a sardinha, cavala, sarda, linguado, robalo, choupa e bezugo. Ocasionalmente capturavam-se também espécies de largo, quando estas se aproximavam da costa como o prago e a corvina. Os mariscos, crustáceos, polvos e lulas completavam os recursos marinhos disponiveis.
O património da freguesia integra a igreja matriz que data do século XVII, o seu orago é Nossa Senhora da Visitação.
No seu interior destaca-se o retábulo da capela-mor, do primeiro quartel do século XVIII, as imagens de Santo António e de Cristo Crucificado do séc XVII e as da padroeira, de Nossa Senhora do Rosário e de Nossa Senhora das Dores todas do século XVIII.
O templo de Nossa Senhora da Guia remonta a época anterior ao século XVI. Ficou parcialmente destruído com o terramoto de 1755, tendo sofrido posteriormente várias campanhas de obras.